sábado, 26 de abril de 2008

Fusão Oi/BrT reduz concorrência por preços, diz analista

25/04/2008 - 17h22
Fusão Oi/BrT reduz concorrência por preços, diz analista
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DEISE DE OLIVEIRA
da Folha Online

Se por um lado, a compra da Brasil Telecom pela Oi, anunciada nesta sexta-feira, reduz a concorrência e reforça o controle de preço das tarifas pelas operadoras, por outro lado, a redução de custo operacional da sinergia resultante da fusão pode ser repassada ao consumidor. A avaliação é do analista de mercado Fausto Gouveia, da Alpes Corretora.

"A briga de preços pode se anular com a diminuição da concorrência. Mas o consumidor ganha em serviço, que com a redução de custo operacional, pode ter redução de tarifa e que deve ser repassada ao consumidor", disse o analista. "E ainda vai ter Vivo, Tim, e outras operadoras, que vão concorrer."

Para Gouveia, no entanto, a Oi/Brasil Telecom "vai estar bem posicionada" para concorrer na nova estrutura de mercado.

Do ponto de vista do setor, Gouveia avalia que a operação de aquisição é positiva. "Só por resolver o imbróglio societário nas duas pontas [nas duas empresas] já é positivo", diz o analista. "A fusão abre espaço para nova emissão de ações lá na frente e isso deixa o setor leve", explica.

Após o anúncio do negócio, as ações ordinárias da Brasil Telecom Participações subiam 6,76% e a preferenciais, caíam 8,5% na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). A ação preferencial da operadora Brasil Telecom caía 4,48%. Segundo Gouveia, é compreensível um "ajuste" nas relações de troca das ações neste primeiro momento.

"Hoje, as ações vão passar por um ajuste. Mas independentemente disso, passa a ser uma boa opção adquirir ações de uma nova empresa, de grande porte e abrangência nacional, que não vão concorrer entre si, mas criar valor ao acionista, tudo que não vinham fazendo até agora por brigas internas", disse o analista da Alpes.

Conforme divulgou a Oi, o negócio foi fechado por R$ 5,863 bilhões. "O valor de mercado da Brasil Telecom é de R$ 4,9 bilhões. Os R$ 5,8 bilhões equivalem ao valor como se tivesse um prêmio para aceitar a fusão", explicou Gouveia.

O negócio ainda depende de mudança na legislação do setor --já que atualmente é proibido uma empresa de telefonia fixa comprar outra de diferente área de atuação--, e de aprovação pelos órgãos reguladores, como a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Os dois órgãos ainda não foram notificados.

O contrato assinado entre Oi e BrT prevê que duas condições sejam cumpridas para o sucesso do negócio. A primeira é que a Anatel aprove a aquisição em até 240 dias. Além disso, deve ocorrer uma oferta pública de compra de ações ordinárias da BrT em circulação no mercado. O fechamento desta última operação deve ocorrer em até dez dias depois da aprovação da Anatel. Caso isso não ocorra, o contrato será desfeito e a Telemar pagará R$ 490 milhões de multa.

Independente do fechamento ou não do contrato, a Telemar pagará R$ 315 milhões para eliminar todas as pendências judiciais relativas à disputa do controle acionário da BrT --que envolvem os fundos de pensão Previ (de funcionários do Banco do Brasil) e Petros (dos petroleiros) e os bancos Citigroup e Opportunity, de Daniel Dantas.

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