segunda-feira, 16 de junho de 2008

Os árabes estão chegando...

...e também os malaios, cingapurianos, coreanos e israelenses. Depois de investidores europeus e americanos, ?é a vez de os riquíssimos fundos da Ásia aportarem por aqui

Por Giuliana Napolitano

Investidores baseados nos Estados Unidos e na Europa foram os grandes protagonistas dos últimos dois anos no Brasil. Nas 93 aberturas de capital realizadas na Bovespa em 2006 e 2007, eles responderam por cerca de 70% do volume transacionado e, no mercado imobiliário, investiram mais de 2 bilhões de reais. Depois de europeus e americanos terem aberto o caminho, agora é a vez de aplicadores da longínqua Ásia aportarem no mercado brasileiro. Lentos para tomar a decisão de colocar os pés no Brasil, esses gestores parecem agora apressados para encontrar negócios nos quais possam colocar petrodólares. Três meses bastaram para dois fundos árabes — o Royal Group, que administra a fortuna da família real de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos, e o Olayan Group, da Arábia Saudita — conhecerem, avaliarem e se tornarem sócios da Bracor, companhia brasileira de investimentos imobiliários. “Foi tudo muito rápido”, diz Carlos Betancourt, fundador da Bracor. Ele foi apresentado aos bilionários fundos árabes pelo empresário americano Sam Zell, um dos expoentes do mercado imobiliário internacional e sócio da Bracor desde 2006. “Esses investidores já acompanhavam o Brasil, e bastou a indicação de Sam Zell para decidirem aportar recursos aqui”, diz Betancourt, que, a pedido dos fundos, não revela quanto eles aplicaram na companhia. “Confesso que não tínhamos esses investidores no radar, mas agora com certeza pensaremos no Oriente Médio quando tivermos de fazer uma nova captação de recursos.”

Mais do que um caso isolado, o exemplo da Bracor evidencia uma mudança de fundo que vem ocorrendo no Brasil. O país entrou no radar de gente sem nenhuma tradição de investimentos por aqui. Fundos da Ásia em geral — e do Oriente Médio em particular — estão ampliando suas aplicações no país de forma agressiva. Sua participação no total de negócios da Bovespa, por exemplo, dobrou no último ano — hoje, eles representam 4% do capital estrangeiro na bolsa, e a aposta é que essa cifra aumente muito nos próximos anos. Entre os destaques da primeira leva estão nomes como GIC e Temasek, ambos de Cingapura e posicionados entre os dez maiores fundos soberanos do mundo. “Eles participaram de quase todos os IPOs de 2007”, diz José Olympio Pereira, diretor do banco Credit Suisse. Uma das últimas instituições a abrir um escritório no país foi a coreana Mirae Asset Management. Com cerca de 900 milhões de dólares aplicados em ações de empresas brasileiras e em empreendimentos imobiliários, a Mirae aguarda autorizações do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários para operar um banco de investimento e uma gestora de recursos no Brasil. “A estratégia da Mirae é garimpar oportunidades em países com grande potencial de crescimento, e o Brasil é um dos mais promissores”, diz Edward Oh, diretor internacional da Mirae.

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