segunda-feira, 16 de junho de 2008

Empresas ligadas a petróleo podem render mais de 30% na bolsa neste ano

A Petrobras não é a única opção dos investidores para ganhar com a disparada do petróleo no mercado mundial

Os preços estratosféricos do petróleo no mercado mundial têm impacto direto sobre a economia e são um dos fatores da alta generalizada dos preços nos últimos tempos. Mas os investidores também podem lucrar com a situação, incorporando à sua carteira ações de companhias ligadas ao setor petrolífero com bom potencial de valorização. E, segundo os analistas, as opções vão além da óbvia: a Petrobras ( PETR4). “Todas as empresas periféricas que prestam serviços para a Petrobras se beneficiam”, diz a analista de petróleo da Ativa Corretora, Mônica Araújo.

Uma delas é a gaúcha Lupatech ( LUPA3), fabricante de válvulas e equipamentos para perfuração e exploração de poços de petróleo. As corretoras chegam a projetar um preço-alvo de até 80 reais para os papéis da empresa até dezembro. Isso significa um potencial de valorização de 34% sobre os 59,75 reais com que a empresa fechou esta sexta-feira (13/6).

Tendo a Petrobras como um de seus principais clientes na área petrolífera, a Lupatech deve se beneficiar, no longo prazo, com as encomendas para que a estatal explore os campos em águas profundas recém-descobertos. “Quando a Petrobras iniciar a exploração dos megacampos, a Lupatech como seu principal cliente, terá um cenário muito positivo”, afirma a corretora SLW Corretora. “Com a perfuração em águas profundas e ultraprofundas, a Lupatech terá muita demanda de tecnologia”, acrescenta o analista de petróleo e estrategista de renda variável do Unibanco, Vladimir Pinto. Recentemente, a empresa informou que sua carteira de pedidos na área petrolífera havia ultrapassado 500 milhões de reais, ante a 250 milhões de reais no final de 2007.

No curto prazo, porém, a maioria dos analistas recomenda cautela com a empresa. Um dos fatores é, justamente, a grande dependência do setor petrolífero. Além disso, as corretoras aguardam os resultados do segundo trimestre, previstos para meados de agosto, para reavaliar a companhia. Isto porque a empresa ainda sente os efeitos das seis aquisições de concorrentes que efetuou no ano passado. Apesar de ter dobrado sua receita líquida no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, a Lupatech fechou março com um prejuízo líquido de 4,5 milhões de reais, ante lucro de 26 milhões no período comparado. “Se a Lupatech começar a apresentar lucros, certamente seus papéis subirão”, diz o diretor da Infinity Asset, André Paes.

Receita garantida

O aumento dos investimentos da Petrobras também favorece a Confab (CNFB4), produtora de tubos metálicos para o setor de energia. A demanda por material para a construção de gasodutos e oleodutos da estatal já assegurou a ocupação de 94% da capacidade produtiva da Confab em 2009.

No final de abril, quando a companhia divulgou os números do primeiro trimestre, que incluíram um incremento de 27,5% na receita líquida, e de 20,4% no lucro, sobre o mesmo período do ano passado, a corretora do Unibanco divulgou um relatório bastante otimista sobre os papéis da empresa. Lembrando que boa parte da produção da empresa já estava assegurada neste e no próximo ano pelas encomendas da Petrobras, o Unibanco projetou um preço-alvo de 8,50 reais para dezembro. Na ocasião, isso significava um salto de 53% sobre o preço corrente das ações. Agora, tendo os papéis fechado em 7,52 reais nesta sexta-feira (13/6), o potencial de alta é de 13%. Já para a SLW, as ações podem subir 18%, para 8,90 reais, até dezembro.

Potencial concorrente

Mas a grande novidade do setor na Bovespa é a OGX ( OGXP3), companhia petrolífera fundada pelo empresário Eike Batista. Criada há cerca de um ano, a empresa estreou na bolsa nesta sexta festejando um feito: o de ter promovido a maior oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Brasil. Ao captar 6,7 bilhões de reais, a companhia deixou para trás a antiga recordista – a Bovespa Holding, com seus 6,6 bilhões de reais. Para alguns especialistas, embora a OGX seja bem menor que a Petrobras, no longo prazo, a empresa pode ser um concorrente incômodo da estatal.

Os papéis foram distribuídos por 1.131 reais por ação – o teto determinado pelo banco UBS Pactual, coordenador da emissão. Com a demanda dos investidores superando a oferta em cinco vezes, os papéis dispararam logo no início do primeiro dia de negociações na bolsa. Na abertura, as ações subiram 18%. No fechamento, estavam cotadas a 1.225 reais, um ganho de 8,31%. “São vários os motivos que ajudam a explicar a forte demanda da OGX. O principal deles é a disparada do petróleo, cujo preço do barril acumula valorização de mais de 100% nos últimos doze meses”, explica Vladimir Pinto, do Unibanco.

Além disso, no caso da OGX, a expectativa positiva é reforçada pelo fato de boa parte da equipe de executivos da companhia ser formada por ex-funcionários da Petrobras. O mercado avalia que o time montado por Eike possui informações estratégicas sobre a localização de jazidas na costa brasileira. Isso explicaria a agressividade da OGX no leilão em que arrematou 21 blocos de petróleo, em quatro bacias. Em alguns lotes, o ágio ofertado por Eike foi muitas vezes maior que o do segundo colocado. “O mercado também olha para os bons resultados apresentados por outras empresas do empresário, como a mineradora MMX”, diz a corretora SLW. Apesar do comportamento dos papéis na estréia, os analistas ainda não fixaram um preço-alvo para a OGX.

E, por último, claro, há a Petrobras. As corretoras apontam um potencial de alta de até 33% ara as preferenciais da companhia ( PETR4) – é o caso do Itaú, que projeta um preço-alvo de 61,1 reais para dezembro. Nesta sexta, as ações fecharam a 5,95 reais.