segunda-feira, 16 de junho de 2008

Pirataria na indústria da moda





Os participantes dos dois grandes eventos de moda no Brasil, as semanas de São Paulo e do Rio, deixaram a preocupações com tendências, estilos e modelos por causa de um crime.

É a pirataria, uma praga que atinge em grande escala os mercados de música e imagem e que dá muitos prejuízos também ao mundo da moda e acessórios.

É crime, mas nem parece. As tendas de produtos piratas no centro do Rio de Janeiro têm cabideiros, provadores e até vendedores usando o uniforme da loja. Falsificado, é claro.

Com uma câmera escondida, flagramos a negociação dos produtos feita livremente, à luz do dia. Bolsas... Camisetas... Casacos exibindo marcas internacionais.

E não é apenas nas ruas, há também a pirataria de luxo, formada por especialistas na cópia de grandes marcas, como estilistas ou fabricantes. Um mercado ilegal que traz um prejuízo de mais de seis bilhões de reais por ano para a indústria da moda brasileira.

“Você vê que outros copiam. Essa marca não vai ter uma vida própria, ou seja, muito longa também”, diz Denise Drubscky, empresária de moda.

O ministério da Fazenda afirma que, apenas em 2007, foram apreendidos mais de um bilhão de reais em produtos têxteis pirateados.

“Incomoda muito o setor porque às vezes é o mesmo produto e em uma semana já está mais barato, prejudicando a gente que paga imposto, que tem funcionário”, fala Patrícia Rajão, diretora do sindicato de calçados – MG.

E a criatividade dos estilistas brasileiros tem atraído piratas do mundo todo. “Estava em Istambul, num show room de moda, fui levar meu sapato pra expor, cinqüenta e cinco dólares, de sola, couro... Quando cheguei lá, tava minha cópia da estação passada, por onze dólares!”, conta Cláudia Simões, estilista.

E tem um outro tipo de prejuízo. Quando o consumidor entra numa loja e leva para casa, sem saber, um produto falso, a marca é enfraquecida pela qualidade inferior da cópia.

“Pirataria já é crime, ainda sendo de má qualidade, é ruim pra a imagem também da marca”, diz a gerente de marketing de uma loja.

Outra dificuldade é vencer a burocracia e a falta de tempo para registrar os desenhos das peças originais, já que a cada seis meses surgem novas coleções. O presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial reconhece uma disputa desigual entre a criatividade e o crime.

“A atividade criativa no país vai deixando de ser atrativa do ponto de vista econômico. Num ambiente aonde isso se torne comum, as pessoas perdem o incentivo pra investirem em criatividade e inovação”, afirma Jorge Ávila, presidente do INPI.