quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Fusões nos bancos de elite

Pequenos gestores de fortunas dão lugar a gigantes globais.
Por quê?

Por alexandre teixeira

Esqueça a imagem do pequeno banco suíço, dedicado a administrar o patrimônio de meia dúzia de milionários. O mundo do private banking começa a ser dominado por grupos multinacionais que não respeitam fronteiras e demonstram incrível apetite para a compra de concorrentes. É esta a principal conclusão da pesquisa global sobre fusões e aquisições de empresas de gestão de fortunas que a KPMG divulgou na quarta-feira 21. De um universo de 147 bancos consultados, nada menos que 89% se dizem à procura de uma empresa para comprar ou consideram a hipótese de adquirir uma outra companhia se a oportunidade surgir. E 22% esperam gastar mais de US$ 1 bilhão em aquisições nos próximos três anos. O estudo revela um pequeno boom nas fusões e aquisições do setor: 258 acordos foram fechados no ano passado, contra 142 em 2004.

“O que se busca é ganho de escala”, explica David Bunce, presidente da KPMG. É o que motiva a aglutinação dos pequenos bancos e o surgimento dos primeiros players globais. Dois bons exemplos são Credit Suisse e UBS, dois grandes bancos suíços que operam com wealth management desde seus primórdios, mas nos últimos anos absorveram várias empresas do ramo, tanto em seu país como no exterior. Os exemplos valem para o Brasil, onde o Credit comprou o Garantia em 1998 e o UBS acaba de adquirir o Pactual. Este movimento, segundo Bunce, reflete a mudança do conceito de gestão de fortunas. Não é mais o milionário brasileiro que procura um banco na Suíça. O banco suíço é que vem atrás dele.

A ordem é buscar mercado. Se o foco das multinacionais do ramo está na Ásia, é porque os grandes países do Oriente estão criando mais milionários do que qualquer outra parte do mundo. De acordo com pesquisa divulgada na semana passada pelo banco Merrill Lynch, o número de pessoas que possuem mais de US$ 1 milhão em ativos financeiros cresceu impressionantes 21,3% na Coréia do Sul e 19,3% na Índia no ano passado. Hoje, o clube mundial dos muito ricos tem 8,7 milhões de sócios, com fortuna de US$ 33,3 trilhões. Segundo o Merrill Lynch, 109 mil deles são brasileiros. O suficiente para colocar o País no radar dos banqueiros. No estudo sobre wealth management, a KPMG perguntou a 147 deles quais as regiões globais mais importantes para novos investimentos. Oito responderam seco: Brasil.