quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Debêntures marcadas a ferro

Títulos da Vale valorizam-se com alta do preço do minério e entrada de minas em produçãoPor alexandre teixeira

Há um papel diferente no mercado, que começa a chamar a atenção de investidores antenados: debêntures da Vale do Rio Doce. Cada unidade custava pouco mais de dois centavos há dois anos.

Hoje, vale R$ 1,80. Vistos assim, os valores parecem irrisórios. Mas há 388,5 milhões de títulos em circulação, e os volumes negociados são consideráveis. Em 2004, um milhão de debêntures da mineradora custava R$ 200 mil. Hoje, vale R$ 1,8 milhão. “É um papel único”, elogia o corretor Roberto Caliani, da SLW, que foi agente fiduciário da emissão, ou seja, representante dos debenturistas perante a Vale. “Ele tem as características de uma ação, mas remunera o investidor pela receita e não pelo lucro da companhia.”

A Vale está obrigada a entregar aos debenturistas um percentual das receitas que obtém nos projetos que iniciou depois da privatização. Com a entrada em atividade, em julho de 2004, da mina de Sossego, no Pará, os pagamentos tornaram-se consistentes. Para Caliani, isso explica a alta dos papéis. Mas há um fator adicional. “Para mim, a valorização foi muito mais pela alta dos preços das commodities”, avalia Luís Guilherme Fonseca, do Banco Fator. “Como esse movimento está arrefecendo, não acredito que esse preço de R$ 1,80 se sustente”, prevê. Segundo o especialista, as debêntures da Vale ainda trarão oportunidades de lucro para quem souber antecipar movimentos nos mercados de cobre, ferro ou ouro. “Mas isso é coisa para profissional”, adverte. “Se não é o seu caso, prefira ações.”