quinta-feira, 24 de julho de 2008

Taxa de Juros

Na tentativa de controlar o consumo aquecido e a alta da inflação, o Banco Central eleva, pela terceira reunião seguida, a taxa básica de juros da economia. E, dessa vez, a dose foi maior.

Surpreendente, mas não imprevisível. Parte dos analistas apostava numa alta de meio ponto percentual. Mas as previsões deixavam espaço para um aperto econômico maior. Foi o que aconteceu.

Em decisão unânime, os diretores do Copom aumentaram a Selic em 0,75 ponto percentual.

“Provavelmente a inflação vai ficar acima do limite superior da banda, provavelmente entre 6,5% e 7%. A preocupação do BC agora é com 2009”, afirma Francisco Pessoa, economista/ICA.

Depois de deixar os juros inalterados por quatro reuniões seguidas, o Banco Central começou o ciclo de altas em abril, quando elevou a taxa em meio ponto percentual. Em junho, mais um aumento na mesma proporção. Agora, o aperto foi mais forte, elevou os juros para 13% ao ano.

Passada a rodada de previsões, os analistas agora se empenham em entender as razões que orientaram a decisão do Banco Central.

O Jornal da Globo apurou o que foi discutido pelo comitê de política monetária.

- o principal motivo para a alta foi evitar que a inflação no atacado, em torno de 10%, seja repassada para o varejo.

- o aperto mais forte tem por objetivo encurtar o período de juros altos, com um impacto maior sobre a inflação interna e um prejuízo menor sobre os investimentos.

- na análise do comitê, as últimas altas não foram suficientes para diminuir a demanda aquecida.

- e há uma grande preocupação com uma piora das expectativas, por causa de um fenômeno tipicamente brasileiro, de repasse de preços, motivado pela memória inflacionária.

Cinco horas antes do anúncio, o presidente já mandava um recado. “Se alguém imagina que a inflação vai voltar como já aconteceu no Brasil, podem tirar o cavalo da chuva porque ela não vai voltar. Porque nós tomaremos todas as medidas que forem necessárias para que a gente mantenha a inflação controlada”, afirma Lula.

Mesmo quem discorda da dose acredita que o remédio vai ter o efeito que o Banco Central espera.

“Se ele conseguir, e possivelmente ele vai conseguir algum impacto sobre expectativas, aí faz sentido ele ter acelerado o passo porque ele já garante para 2009 que a inflação não vai escapar muito do centro da meta”, fala Cristiano Souza, economista/Banco Real.